Paulo Cruz sabia que não devia "espicaçar a fera"

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"Vou para o grande embate", disse Paulo Cruz ao irmão no final do almoço de dia 20 de Janeiro. O empresário, de 44 anos, falava há muito em separar-se da mulher, mas Maria das Dores insistia em colocar entraves ao divórcio amigável. Naquele dia, Paulo Cruz e Maria das Dores tinham mais uma discussão agendada. Algo tinha d se decidir. "Vou para o grande embate", disse ele às duas e meia da tarde, sem saber o que o esperava. Antes da cinco estava morto.

Ontem, em mais uma sessão do julgamento da viúva Maria das Dores e dos seus dois cúmplices, João Paulo Silva e Paulo Horta, o testemunho do irmão da vítima, João Cruz, foi bastante crítico em relação à cunhada. Referiu os seus gastos excessivos e as fraudes bancárias que deixaram Paulo Cruz agarrado a dívidas elevadas e "financeiramente muito debilitado". "Ele tinha chegado ao limite da sua paciência. Mas queria um divórcio amigável porque um divórcio litigioso seria muito dispendioso", contou o irmão. E, apesar de contrariado, passou o último Natal com a mulher e o filho em Nova Iorque. "Ele dizia que não podia espicaçar o animal. Sabia que quanto mais calma estivesse a Maria mais facilmente ela daria o divórcio."

A sessão começou com o depoimento do inspector da PJ Pedro Maia, o primeiro a chegar à casa da avenida António Augusto Aguiar, onde encontrou o cadáver, entre a cozinha e o hall de entrada, com um saco plástico azul na cabeça, amarrado no pescoço com fios eléctricos. Na paredes, gotas de sangue. "Não tivemos dúvidas de que se tratava de homicídio", disse, explicando, mais uma vez, todos os passos que levaram a polícia a desconfiar da viúva e, depois, através da análise dos registos telefónicos (combinados com as suas localizações), a chegar aos outros réus. "É perceptível que há uma liderança das operações por parte de Maria das Dores, quer a conduzir os autores do crime quer a vítima ao local do crime", afirmou, peremptório.|

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